sexta-feira, 25 de novembro de 2011

QUENTES HORAS


Ardência incontida
Um zumbido que zomba e não passa
Que formiga
(enquanto as pernas se retraem e se entrelaçam).

Queimo esse nó de pinho
E da sua brasa faço a hora
Onde as fagulhas são os segundos
À espera do teu grande ponteiro.

Essas horas que não passam!

Eu costumava estar acesa nos teus toques
Hoje me acostumo a tocar para teu breve aquecimento...

...ponteiro da hora que voa e me queima!

(Cristine HH)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

FOGO


Ai, como o quis ontem!
Querê-lo e não podê-lo
A intensa insana queimação
E o fogo queimando a face
Quis que a casa se incendiasse.

Pior que a frustração
Só mesmo se saber culpada
Vítima de si mesma
Criminosa incendiária.

Como quis ontem!
Sei bem quanto!

- pegue fogo nesta cara de pau
E eu queimarei, cá.
Por toda eternidade.

(Cristine HH)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

TOLICES



Gostaria de não ser tola
Não fugir de teus braços
Que são leves
Tão leves que flutuam
Que flutuam e se vão – nos ventos.
Queria que agarrassem com força
Viessem em mim hidráulicos
(pressão igual força pela área)

Gostaria de não ser tola
E que a área fosse coberta
(com banco de praça e redes)
Como que a força não fosse a forca
Mas o nó que me ata ao teu corpo
Que me puxa os secos e revoltos cabelos

Gostaria de não ser tola
E ao invés de escrever tolices
Encher de tolice já dentro da tua boca

Até que novamente te enchas de mim...

(Cristine HH)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

IDEIAS ABORTADAS



O papel encestado precocemente
Tal como bola de papel
Moído e triturado

As misérias e fedores
Do lixo de dez dias
- seu companheiro agora
(enamorando-se de si)
Umas fatias de presunto e erva de chimarrão
         [onde se cultuam novas espécies, com novas cores.

Agredido, esmagado e desprezado
Foi do céu ao inferno
O poema não lido, que nem chegou a ser...

(Cristine H H)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

TEORIA PURA DO RELATIVO ESTAR EM TORNO DE ALGO QUE NEM SE SABE ONDE


Aferição de anos,
Semanas
Contamos dias,
Riscamos datas

Voltas em volta
À volta
O sol

Fosse a referência aquela estrelinha
Láááá loooooonge
Pequenina
(quiçá, nem nascerá esta noite)
Quase sem brilho?

Daqui setecentos e trinta seis anos
(ou quatrocentos e vinte e oito, não sei ao certo)
Faríamos um mês

- Um mês de que?


(Cristine H H)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás"


Sem sentir o calo inchado ardendo
Ou a ferida nos pés descalços
Quiçá a perda de um filho em um corredor de hospital

Sem ver a rapidez da febre amarela
(na febre do ouro)
Só o ouro em pó, de febril anseio

A universidade ensina
Playboys a fumar maconha.

(Cristine H H)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Quem fala o que quer ouve o que não quer





















Não escorreu pelo esgoto
Nem nadou na lama de vômito
O que fala em moral, em dor;

Hipócrita com sua carteirinha
Sua chave para o tratamento
Sua proteção para falar.

E fala à vontade, sem medo
Sem a dor de um câncer na laringe
E a tensão de uma corda estourando
[aparelho fonador pútrido pela cólera].

O teu rancor, teu ódio descabido
Virá pelo espelho da tua energia negativa
E a bateria do teu peito terá apenas um pólo
Quando romper o abscesso na tua garganta.

Nós, outros, estaremos atrás do espelho
Conversando tranquilamente
E contando causos, sobre pessoas que contavam o que queriam...

(Cristine HH)


imagem: http://3.bp.blogspot.com/_8tLEhPpZCOg/TBFw6V3e59I/AAAAAAAAAXc/o_V-5z6GUOM/s1600/garganta2.jpg