terça-feira, 26 de julho de 2011

O FUTURO

O futuro
(esse presente incerto)
Breve ou longínquo
Pode ser marcado pelo antagonismo
Conceitos avessos de resultados ambíguos
E tu estarás bem ou não
(um tumor: maligno? benigno?)

Cada ato uma consequência
Cada decisão uma ação contrária e simultânea

“O futuro a Deus pertence”
Melhor crer nisso do que decidir se pó ou verme.

(Cristine H H)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Da singela definição de saudade



Vivo a nódoa do passado
Engasgada na garganta
Engolida com o catarro
Verde, duro e mastigado.

Arde ainda martírio e dor
Dessa angústia de rolha
A ferroada de mil abelhas
Anafilático choque de amor.

Mais de década de aflição
(ar que não infla o pulmão)
Mais de década de agonia

(vômito entalado na poesia)
Com uma pedra no coração
Dias digerindo a melancolia.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Um recado dado na porta do banheiro



Um desejo, algumas mensagens
A incompreensão de mim mesma
(desejos dilacerando a massa encefálica)

Transtorno obsessivo-compulsivo
Ou simplesmente: vontade!
Para uns, ‘tesão’,
Para outros: falta de vergonha na cara.

Outro desejo, alguns e-mails
Banheiro em horário de aula
(oceanógrafos concentrados em suas tartarugas)

Penetrou-me a alma
Arrancou-me do mundo para um novo mundo

Um desconhecido
Um recado cravado numa porta

Uma vontade grafada para sempre em mim.



(Cristine H H)

Sem Título, Sem Legenda



Quando eu andava cega
Tu calçavas meu caminho
O tropeço me era afável.

Quando eu falava sério
Tu me remedavas, tu rias
E a surdez amplificava tua voz.

Quando me dava inteira
Tu arremessavas ao ratos essa carne
Eu delirava com o odor da putrefação.

Quanto eu te amava
Simplesmente te amava
Não desejava sê-lo mais nada.

Quando deixei de te amar
Passei a ver, ouvir, sentir odor de rosas
E continuei almejando ser teu amor.

Os espelhos nunca deixaram de refletir tua imagem.

(Cristine H H)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

QUANDO O MOMENTO SE PERDEU NO ESQUECIMENTO



Acorrentada por elos de titânio
Tenho presa a alma que não voa
Que queda inerte
(aceita imóvel).

A saudade, até,
(aquela bandida que anda vagando em nuvens)
Não mais me vem ver
Não vem atentar meu sossego mórbido.

Pedra!
(bruta sem lapidação)
Aguardando apenas
Pelo beijo da morte, ou, talvez, pela chave que me trará a tua memória.

(Cristine H H).

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Depregasmático



Era um momento de delírio e clímax
Mal se podia perceber a movimentação do lado de fora
Contraída em si
(gesto infinito de amor próprio)
Via se aproximar o êxtase
A magia universal
Os fluídos cósmicos...

Encolhida em si calculava:
Quão maravilhoso se as pessoas do lado de fora ali estivessem!

Não sabia descrever o momento em que o universo esvaziou
Nem como era o buraco negro no qual se perderam suas esperanças.

(Cristine HH)