sábado, 19 de março de 2011

ATAQUE PILÉTICO



Deslocamento vibratório do Eu
Movimento das placas

(magma fervente, minha cabeça quente)

Estrondosos, avassaladores tremores
O medo que me dá
Lobos que se chocam
Terremoto de mim mesma.



(Cristine H H)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Tsunami II



Duas pauladas, um só coelho
Deveria a onda ter varrido do mapa
O ditador líbio e seu evangelho.

(Cristine H H)

quarta-feira, 16 de março de 2011

FUKUSHIMA



Respira, e teu pulmão saltará aos meus olhos
As corredeiras de vida
E, enfim, teu coração!
Saltar-me-á esse puro coração
Pulsante, forte...

Saltitante pureza de íons
Refrescante e gélido ar
Poeira invisível, chave da dor, da morte, do eterno...

Respira! E vem em mim, para que eu veja seu último suspiro


(Cristine H H)

domingo, 13 de março de 2011

MAREMOTO


O mar que carrega os barcos
Transmuta,
Transmigra as almas
(metempsicose aquática).

Mar dos peixes
Mar das algas
Mar das desesperanças.

Tantas eram as aflições das tristes caiçaras
(lágrimas escorridas no olhar ao mar)
Que a terra chegou a tremer
                               [quando o mar cuspiu os corpos em terra.


(Cristine H H)

TSUNAMI


Fui à praia e vi o mar
O que mais haveria de ver?
Não fosse o mar teria medo

(Iemanjá andou com ressaca de saquê)

Não fosse o mar, o que viria?
Importa olhar adiante e não ver o fim
- Ou ver o fim!

Fim?

Passada a tormenta virá a calmaria.

(Cristine H H)

OS BICHOS


Uns bichos rodeiam à espreita
Pelo momento que sucumbirás
Sem pressa, sem ânsia
Sossego e calmaria

Tudo pela tua espera.

Rodeiam, vagam
Circulam

Pensa! Vê os bichanos
Ergue teu queixo, olha à frente
(ora, até!)

Passado passa em passos largos
Monstros rodeiam

Basta seguir em frente.

(Cristine H H)

OSSOS


Quanta carne há de comer
O verme da ambição humana?
E quantos ossos serão quebrados?

Tem, verme, esta alma!

Vem em mim que te devoro
Às colheradas engulo dessa larva
E livro meu destino dos teus dentes.

Vem! Essa alma te chuta; esse osso te quebra!

(Cristine H H)

quinta-feira, 3 de março de 2011

CERTIDÃO DE ÓBITO


Assentamento
No que antes certificado
Uma escritura, um apontamento

Documento ao portador

Nas entrelinhas lê-se:
Jaz nas folhas tais do livro tal.

Bendita transmigração poética!

Passas ao estado poético da vida
Enfim, és palavra escrita em linhas.

(Cristine H H)